Doença Celíaca na Infância
Doença celíaca é uma atrofia da mucosa intestinal que leva a um prejuízo na absorção de macronutrientes (como carboidratos, gorduras e proteínas) e micronutrientes (vitaminas e minerais). A atrofia ocorre devido a um processo inflamatório local, decorrente de uma resposta imunológica exacerbada, ativada de forma errônea, contra componentes da mucosa intestinal do próprio indivíduo. É o que se chama de resposta autoimune.
Esta atividade autoimune só ocorre em indivíduos geneticamente predispostos. Ela pode ser ativada em qualquer momento ao longo da vida e depende do contato do indivíduo com o glúten. O glúten, proteína alimentar presente nos cereais, trigo, centeio, malte, cevada e aveia, é o desencadeador externo da doença celíaca.
A forma clássica da doença celíaca ocorre mais comumente na infância precoce, meses após a introdução do glúten na dieta, e é caracterizada por diarreia crônica, perda de peso e distensão abdominal. Nas formas não clássicas, muito frequentes, podem ocorrer sintomas isolados como: dor abdominal, constipação, baixa estatura, anemia crônica, entre outros.
Alguns indivíduos têm maior predisposição genética para a doença. Assim, eles precisam ser monitorados ao longo da vida. Neste grupo, estão os familiares de pacientes celíacos, os portadores de diabetes tipo I e os portadores de síndrome de Down.
Como a doença celíaca pode se manifestar de formas bastante diversas, é preciso ter atenção redobrada para seu diagnóstico. A retirada precoce do glúten, antes da conclusão do estudo, complica a definição exata do diagnóstico e pode condenar uma criança a uma dieta de restrição indevidamente.
Para confirmar o diagnóstico, usualmente são necessárias três etapas: suspeita clínica, teste sorológico positivo e biópsia intestinal evidenciando atrofia padrão celíaco. O teste sorológico indicado de rotina para o rastreio da doença é o anticorpo anti-transglutaminase. Quanto maior o nível sérico do anticorpo, maior a chance de o indivíduo ser de fato celíaco, e vice e versa. No entanto, lembre-se de que a presença do anticorpo não define se o indivíduo é doente. Após a positividade do teste, geralmente é realizada a biopsia por endoscopia, sendo que o material deve ser analisado por patologista com experiência.
Apenas após a realização da biopsia e a confirmação dos achados histopatológicos o glúten deverá ser retirado da dieta. No paciente com doença confirmada, a retirada do glúten deve ser total, uma vez que mínimas quantidades de glúten podem ativar a resposta imune, mantendo a inflamação e trazendo consequências. A retirada do glúten deve, idealmente, ser seguida por nutricionista, devendo-se ter o cuidado para orientar a introdução de alimentos seguros, sem glúten, de forma a manter a alimentação equilibrada e causar menos impacto nutricional e emocional na vida da criança.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS:
Doença Celíaca - Departamento Científico de Gastroenterologia Pediátrica- Sociedade Brasileira de Pediatria