Hipertireodismo
HIPERTIREOIDISMO - DOENÇA DE GRAVES
O que é?
O Hipertireoidismo é uma alteração que ocorre na glândula tireoide devido ao aumento da produção dos hormônios tireoidianos de forma excessiva, e que no decorrer do tempo gera algumas alterações sistêmicas. Além disso, possui múltiplas etiologias, sendo a Doença de Graves a mais comum na pediatria.
A Doença de Graves é uma patologia de caráter autoimune e que afeta a tireoide através da produção de autoanticorpos que se ligam aos receptores de TSH presentes na glândula. Essa ligação causa sua estimulação liberando grande quantidade de hormônios tireoidianos e estes atuam em várias outras regiões do corpo causando sua hiperatividade fugindo dos padrões fisiológicos e tendo como consequência a hiperplasia da própria glândula.
É o tipo de hipertireoidismo mais comum na idade pediátrica (mais de 90% dos casos) com uma incidência maior durante a puberdade, entre 11 a 15 anos, sendo o sexo feminino o mais afetado (proporção de 5:1). A doença se desenvolve de forma insidiosa com difícil diagnóstico em sua fase inicial. Normalmente a duração dos sintomas é maior em pacientes pré-puberes do que em adolescentes devido ao fato do diagnóstico ser mais difícil e da doença ser rara em crianças menores. Existem alguns fatores de risco que podem ocasionar o aparecimento dessa doença na criança e no adolescente como antecedentes familiares de hipertireoidismo, pacientes portadores de diabetes tipo 1 ou doença celíaca que também têm caráter autoimune, fatores ambientais.
Sinais e sintomas
- A grande maioria desses pacientes podem apresentar bócio de caráter difuso devido à hiperplasia da glândula.
- As alterações de comportamento têm maior frequência nas crianças do que em adultos e são elas: irritabilidade, nervosismo, alteração de conduta, hiperatividade e diminuição do rendimento escola.
- Pode-se observar também, em mais da metade dos pacientes, o aumento da idade estatural e da maturação esquelética
- Pacientes podem apresentar oftalmopatia conhecida como exoftalmia devido às alterações oculares causadas por inflamação, edema dos músculos extraorbitais, aumento do tecido conjuntivo e adiposo da órbita. A exoftalmia na pediatria tem um grau de gravidade menor comparado ao adulto.
- Podem apresentar ainda aumento do apetite, perda de peso repentina e fadiga.
Diagnóstico
O diagnóstico da Doença de Graves, geralmente, é baseado na história clínica e no exame físico do paciente, além disso é necessário exames complementares como: dosagem de T3, T4 total e T4 livre aumentados, associados a valores reduzidos de TSH para a confirmação da doença. Importante ressaltar que níveis elevados de TRAb confirmam o hipertireoidismo de caráter autoimune. Em pacientes pré-púberes, os níveis de T3 aparecem proporcionalmente mais elevados do que em pacientes púberes, por isso que há demora para se obter o diagnóstico.
Tratamento
Em relação ao hipertireoidismo por Doença de Graves, pode ser tratado de 3 formas: uso de drogas antitireoidianas, iodo radioativo ou tireoidectomia.
A conduta inicial do tratamento é através do uso de drogas antitireoidianas até atingir o equilíbrio das atividades da glândula em até 8 semanas. As tionamidas bloqueiam a síntese dos hormônios tireoidianos, além de ter efeito supressor sobre o sistema imune. Pacientes com sintomas muito intensos podem ser tratados com beta-bloqueadores, sendo o propanolol o mais comum, na dose de 1-2mg/kg/dia, dividido em 3 tomadas. A duração do tratamento via oral tem um período de no mínimo 2 anos, e após a suspensão do medicamento a criança deve ser examinada regularmente devido à taxa de remissão (duração de mais de 1 ano de equilíbrio das atividades da tireoide) ser muito baixa, principalmente em pré-puberes.
O uso do iodo radioativo é entendido como uma forma segura e econômica de tratar o hipertireoidismo em crianças e adolescentes. Estudos apontam que mais de 90% dos pacientes são curados e raramente apresentam efeitos secundários intensos. Vários países tendem a utilizar essa forma de tratamento como primeira opção. Em relação às crianças com Doença de Graves o uso de iodo radioativo é seguro, sendo as taxas de cura a longo prazo superiores a 90%.
Em pacientes que apresentam bócios grandes e que não conseguem atingir o eutireoidismo através das drogas antitireoidianas ou uso de iodo radioativo, a melhor forma de tratamento é o cirúrgico. Na tireoidectomia deve-se retirar quase totalmente a glândula para obter a cura da doença e evitar que o hipertireoidismo reapareça.
Referências bibliográficas
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) Revista de pediatria do centro hospitalar do porto – vol XXV, nº 2, ano 2016 Arquivos de Medicina v.22 n.4-5 Porto 2008 Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia vol.45 no.1 São Paulo Jan./Feb. 2001