Meningites agudas na infância
- Ainda é um desafio de saúde pública no Brasil e no mundo;
- Mortalidade de 100% na era pré-antibiótico; essa mentalidade de que Meningite = óbito, vem mudando com as vacinas .
- Atualmente, 5-10% de mortalidade;
- Sequelas de 5-30%;
- 000 casos novos anuais, principalmente em crianças <2 anos;
- Principal sequela → déficit auditivo com alto custo na detecção e reabilitação.
Definição
É um processo inflamatório das meninges (tecidos/membranas que envolvem o encéfalo e a medula espinal).
Etiologia: pode ser causada por vírus, bactérias, fungos e parasitas, mas as duas primeiras, são as etiologias mais comuns.
- Vírus: são os agentes mais frequentes nas meningites de maneira global.
- Enterovírus (Coxsackievirus, Echovirus, Poliovirus): correspondem a 85% da etiologia viral das meningites;
- Vírus da caxumba;
- Herpes simples;
- Herpes-zoster;
- Arbovírus;
- Vírus da varicela (Varicela-zoster);
- Vírus do sarampo;
- Vírus Epstein-Barr (EBV) → mononucleose...;
- Citomegalovírus (CMV);
- Bactérias
- Neisseria meningitidis (meningococo) sorotipos A, B, C W135, Y;
- Streptococcus pneumoniae (pneumococo);
- Haemophilus influenzae B (HIB);
- Staphylococcus aureus e epidermidis
- Mycobacterium tuberculosis;
- Período neonatal: Escherichia coli, estreptococo grupo B, Listeria monocytogenes.
Epidemiologia
- Brasil → 20 casos novos anuais para cada 100.000 habitantes;
Após período neonatal, o agente bacteriano mais frequente é o meningococo.
Clínica da Meningite
Febre: alta, persistente e pouco responsiva a antitérmicos;
- Náuseas;
- Vômitos
- Cefaleia: é importante, de difícil controle com analgésicos habituais;
- Mialgia (e fotofobia): bastante frequente.
OBS à vômitos em jato, acaba sendo mais direcionado para hipóteses de meningite pois, diferentemente dos ocasionados por outros processos infecciosos na Pediatria. É claro que vômito, de qualquer maneira, pode estar presente em inúmeros quadros infecciosos pediátricos, mas um vômito em jato, não precedido de náuseas, associado a outros sintomas, vai fazer com que as “luzes de alerta” se acendam para diagnostico de Meningite .
Pode haver meningite sem vômitos também, especialmente em lactentes. Essa tríade clássica (febre, vômito e cefaleia) é mais comum em crianças mais velhas. Além de que a cefaleia é um sintoma difícil de avaliar em crianças menores pela ausência de verbalização.
Quadro clínico de acordo com a faixa etária
RN e lactente
- Febre, letargia, irritabilidade (normalmente, alternando períodos de letargia com períodos de agitação e irritabilidade!), vômitos, depressão de reflexos arcaicos (sucção, Moro...), convulsão (até 40% dos RN).
- Abaulamento de fontanela.
Crianças e adultos
- Tríade clássica (febre, vômito e cefaleia): febre alta, persistente, de difícil controle; vômito em jato, com pressão, nem sempre precedido de náusea, persistente, de difícil controle com antieméticos; cefaleia intensa, com migração e intensificação na região da nuca, irresponsiva aos analgésicos...
OBS: algumas meningites bacterianas (especialmente por meningococo) podem cursar com lesões dermatológicas (sufusões hemorrágicas) → “sinal do copo”. Posicionar um copo no local onde se observam as lesões, se elas não sumirem à pressão, tem-se um sangramento local que deve ser valorizado (= digitopressão de lesões purpúricas), logo, deve ser buscada uma causa.
Diagnóstico
Historia Clinica, exame físico e exames laboratoriais entre eles a analise do liquor , através da Punção lombar: é o mais importante
Doença meningocócica grave:
- Progride rapidamente para choque, falência de múltiplos órgãos e óbito em 24h;
- 4 a 6h → sintomas inespecíficos (febre, sonolência, náuseas e vômitos, irritabilidade e falta de apetite);
- 12h → sinais de sepse (extremidades frias, cianose...);
- 24h → rash purpúrico, com desenvolvimento rápido, dor e rigidez de nuca.
- Tratamento → cefalosporina de 3ª geração, ceftriaxona
- Quimioprofilaxia → de contatos íntimos (da casa e da classe escolar/ creche da criança) e do próprio paciente se não fez tratamento com ceftriaxona.
Meningite por Streptococcus pneumoniae
- Pode estar presente na orofaringe de pessoas saudáveis;
- 2ª causa de meningite bacteriana
- Acomete principalmente crianças <2anos (↑mortalidade).
- Clínica típica das meningites agudas;
- Erupção cutânea é rara;
- Tratamento → cefalosporina de 3ª geração
- Quimioprofilaxia não é necessária.
Meningite por Haemophilus influenzae: etiologia bastante improvável atualmente.
- Era comum em crianças <5 anos após doença invasiva da via aérea superior;
- Diminuição importante da incidência após vacinação em massa;
- Clínica → típica de meningite;
- Tratamento → Cefalosporina 3ª geração por 7-10 dias.
- Quimioprofilaxia (contactuantes)
Meningite viral
- Doença febril associada a sinais de irritação meníngea, que evolui de forma benigna na maioria dos casos;
- Relacionada a várias etiologias virais:
- Enterovírus (70-90% dos casos);
- Herpes vírus;
- Arbovírus;
- Vírus coriomeningite linfocítica;
- Vírus da raiva;
- Influenza;
- Clínica → semelhante à das bacterianas porém, normalmente, menos graves.
- Cefaleia e fotofobia sem sinais de doença sistêmica;
- Erupção cutânea: não do tipo hemorrágico, é exantema;
- Sintomas genitourinários;
- Sintomas de encefalite → alteração de comportamento/personalidade e alterações motoras e sensoriais.
- Tratamento
- Suporte: hidratação, controle térmico etc;
- Internação: normalmente, feita para todos os pacientes por, pelo menos, 72h;
- Na meningoencefalite causada pela família herpes vírus → Aciclovir
OBS: na rede pública, existe vacina para os 3 principais agentes. Pneumococo, hemófilos e meningococo C , e a partir dos 11 anos de idade a ACWY . A pneumocócica é 10-valente (no particular, tem 13-valente) e a para Haemophilus influenzae tipo B, tanto a oferecida no público como no particular tem mesma ação. A meningococo B no particular .