Hipotireoidismo Congênito
Hipotireoidismo Congênito
O Hipotireoidismo Congênito é uma doença que atinge a glândula tireoide do recém-nascido em que pode não ocorrer a produção em quantidades adequadas de hormônios tireoidianos, ausência de sua produção ou até mesmo a resistência à ação desses hormônios. Na maioria dos casos desse tipo de hipotireoidismo, a glândula tireoide é reduzida, localizada em outra região (mais comum abaixo da língua) ou pode ser inexistente. Independente da forma como se manifesta, o crescimento e o desenvolvimento intelectual podem ficar comprometidos se o diagnóstico da doença e o tratamento forem feitos tardiamente, uma vez que são nos primeiros anos de vida que se tem o pico de desenvolvimento neurológico da criança (em crianças menores de 3 anos, a falta desses hormônios pode causar um comprometimento irreversível).
A prevalência é de aproximadamente 1:3.500 sendo uma doença que afeta mais o sexo feminino que o masculino (razão de 1:2,3). Crianças com Síndrome de Down são mais propensas a terem hipotireoidismo congênito, pois têm uma prevalência alta (1:141 nascidos vivos).
Por se tratar de uma doença de grande importância em relação ao desenvolvimento da criança é entendida como uma urgência pediátrica. Na ausência de um diagnóstico precoce e tratamento adequado, a maioria das crianças desenvolverá vários graus de deficiências neurológicas, motoras e de crescimento.
Classificação
Pode ser classificado como primário, secundário ou terciário.
- Primário: ocorre uma alteração na formação ou na função da glândula podendo ser permanente ou transitório.
- Secundário e terciário (hipotireoidismo congênito central): ocorre por lesões na hipófise ou no hipotálamo respectivamente. São formas mais raras e a incidência é de um caso para aproximadamente 100 mil recém-nascidos vivos.
Quadro Clínico
O Hipotireoidismo Congênito apresenta as seguintes manifestações clinicas:
- Persistência de icterícia (“olhos amarelados”)
- Choro rouco
- Constipação intestinal
- Sonolência
- Problemas relacionados à alimentação
- Hérnia umbilical
- Atraso importante na formação óssea
- Hipotonia muscular
- Dificuldades respiratórias
- Atraso na dentição
- Atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e retardo mental.
Diagnóstico
O diagnóstico precoce do hipotireoidismo congênito é feito pelo exame de triagem neonatal, conhecido como teste do pezinho. Este é um exame laboratorial feito a partir do sangue coletado do calcanhar do recém-nascido em papel filtro entre o 3º e o 5º dia de vida e a partir dele verifica-se os níveis do hormônio TSH no sangue.
O exame de triagem neonatal é um direito de todo e qualquer recém-nascido e é de extrema importância, pois, além do hipotireoidismo congênito, pode-se diagnosticar outras patologias como Fenilcetonúria, Anemia Falciforme, Fibrose Cística, entre outras.
Tratamento
O tratamento deve começar no máximo até 14 dias , após essa idade os pacientes já podem apresentar algum dano cerebral. É simples de ser realizado, pois se trata de reposição dos hormônios da tireoide. Esta reposição é feita por via oral e o tratamento, se realizado corretamente, é altamente efetivo e controla todos os sintomas da doença.
- Uso de levotiroxina: 10-15 mcg/Kg/dia, via oral, 1 vez/dia. Doses maiores são usadas para tratamento de pacientes com a doença na forma mais grave (baixos níveis de T4L).
- Dose média para RN a termo é de 50 mcg/dia e para RN pré-termo de 25-37,5 mcg/dia.
IMPORTANTE: O TRATAMENTO DO HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO DEVE SER REALIZADO PRECOCEMENTE E ININTERRUPTAMENTE para que o sucesso terapêutico possa ser obtido.
Referências
• Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da UFMG
• Artigo do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina de Botucatu
Departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
• Ministério da Saúde - programa nacional de triagem neonatal
Sociedade Brasileira de Pediatria: Departamento Cientifico de Endocrinologia